4.6.12

mal du siécle

Se me permitem, gostaria de reformular a imagem de homens presos e acorrentados no fundo de uma caverna. Pra mim, o individualismo é o que mais marca esse século horroroso. E aí, resolvi adotar a imagens de fetos que são novamente envoltos pela placenta. 
Placentas individuais, próprias, únicas. 
E no lugar da mãe que decide por nós, o consumismo, a ignorância, o pensamento da maioria. 
Quando o outro decide ou faz algo que não gostamos, damos uns chutes aqui e lá e pronto. Nos damos por satisfeitos e logo retornamos à posição fetal, a mais cômoda de todas.
Pra mim, vivemos num mundo todo falso.
falsas sensações.
falsos sentimentos.
falsa segurança.
falsos prazeres.
falsas relações.
falsa liberdade.
falso pensar.
falso agir.
falso falar.
falsas noções.
falso viver.
falso ser.
tudo é falso.
e tudo nos falta.

Rompam suas placentas e permitam-se nascer novamente!
Não seja alheio ao que acontece ao redor.
Pare. Ouça. Escuta. Sinta.
Mas de verdade!
Esqueça os relógios e os celulares por um tempo.
Dê carinho a um cão.
Olhe para o céu, contemple as estrelas e lembre-se do quão ínfima é a sua existência diante do Universo.
E não fique melancolizado por essa constatação. Aprenda com ela que a vida é mais curta do que o mercado e  o consumismo nos vendem. Permita-se sair da dieta. Converse mais. Interaja, mas ao vivo e a cores. Não fique colocando filtros na sua vida como se seus olhos fossem o Instagram.
Tire fotos com o coração.
Não faça o bem e grite ao mundo inteiro que você o fez.
Simplesmente faça.

Por mais auto-ajuda que isso pareça(e é), é angustiante perceber a quantidade de pessoas que se acomodaram. Que não lutam por mais nada. Que estão satisfeitas com o lugar em que chegaram. Que não possuem mais sonhos.
Junte dinheiro pra ir viajar, não pra comprar um tablet.
Malhe o cérebro.
Leia um livro.
Mas não se apegue às ideias. Elas são voláteis. Permita-se mudar o tempo todo.
Nossa existência é um mero acaso, um encontro de gametas.

E sinta.
Feche os olhos e aguce os outros sentidos. 
E deixe estar.

Porque me dá desgosto viver numa sociedade assim. E eu não quero fazer parte disso.

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