Eu também quero dar pitaco no assunto. Já adianto que não estudei teologia e nem filosofia. Então mals ae por algum argumento mal construído.
O aborto no Brasil só é permitido em alguns casos: estupro; quando a mãe corre risco de vida; quando o feto é anencéfalo; quando existe alguma má formação cerebral.
Isso todo mundo sabe.
O Brasil é um dos países com maior população católica. Isso também todo mundo sabe.
E a população evangélica cresce a cada dia,
Teoricamente o Estado é LAICO, ou seja, igreja alguma deve meter o bedelho nas decisões políticas. Acontece que né, como essas doutrinas religisosas pregam que a pessoa deve profanar sua fé em todas as áreas da sua vida - incluindo a profissional - milhaaaares de deputados e vereadores e ministros e juízes acabam tomando decisões baseadas na religião que eles tem.
Logo, aborto é tratado como tabu nesse país já que o estado, infelizmente, não é laico.
O que mais importa é a vida. Abortar=matar pra essas bancadas envagélicas e cristãs.
"bla bla bla,que direitos a mãe tem de decidir se seu filho deve viver ou não,bla bla bla, whiskas sachê". Cansa muito esse discurso.
Aí tem uma coisa engraçada nessa história toda.
Você já deve ter ouvido alguém cantar uma música do Pe. Zezinho. Ela é encarada como hino,bla bla bla, é muito linda, bla bla bla. Então vamos lá. Analisa-la-ei.
"Que nenhuma família comece em qualquer de repente".
Esse é o primeiro verso. Para os cristãos, família=pai+mãe(que tenha casado virgem, de preferência)+filhosssss.
Bom, crianças nascidas decorrentes de um estupro formariam uma família com o respectivo agressor e com a vítima. Estranho. Achei que nenhuma família fosse pra começar de repente. Acontece que estupros acontecem de repente, e crianças são geradas de repente quando eles acontecem. E aí a mãe faz o que? Supondo que a mulher não aborte, ela será rotulada como 'mãe solteira'. E tal rótulo nunca foi e nunca será bem visto pela Igreja.
"Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte".
Quinto verso da música. Peguemos como exemplo uma mulher que tenha sido constantemente abusada por algum parente. Supondo que ela tenha gerado e dado à luz a muitas crianças. O agressor, que não vai assumir que abusou, pica a mula. Na maioria das vezes, a mãe não tem estrutura ou condição alguma para criar esses filhos. O final da história você já deve ter visto: crianças e mães improvisando casas embaixo de uma ponte qualquer.
"Que a família comece e termine sabendo onde vai
E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai
Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor
E que os filhos conheçam a força que brota do amor!"
A terceira estrofe. Humm. Difícil ser um céu de ternura, aconchego e calor quando você foi obrigada a abrir as pernas, a gerar e a parir uma criança que você não queria ter. Que o homem carregue nos ombros a graça de um pai. Ok, nenhum agressor quer ser pai.Logo, ele está pouco se lixando para a vida que ajudou a gerar. Que os filhos conheçam a força que brota do amor. Ta, aí a sua mãe vira pra você e diz que você foi o fruto de um estupro. Aposto que ela entender que não foi planejada e muito menos gerada com amor.
É fácil ser contra o aborto quando você nunca foi estuprada. É fácil falar em ser pró-vida quando você, provavelmente caucasiano, classe média e alfabetizado, tem comida todos os dias, um teto, um carro e uma tv pra ficar alienado.
Ninguém te obrigou a ser católico/evangélico, certo?
Então quais direitos você tem sobre a vida de pessoas que não possuem religião alguma?
Legalizar o aborto não vai fazer com que ele vire método anticoncepcional. Não é gostoso abortar. Não vai virar farra.
Vocês, que são pró-vidas. Sabia que milhares de mulheres morrem por abortarem em locais sem qualquer cuidado médico? Sabia que o desespero dessas mulheres chega a ser tanto, que elas enfiam qualquer objeto pontiagudo em seus úteros, na tentativa de abortarem?
Não me venha com vídeos de abortos, de fetos que agarram a mão do médico, etc. Definir quando a vida começa não ajuda em nada.
Mas a questão não e só em casos de estupro. Quem deve decidir se quer manter ou não a gravidez é a mulher e PONTO FINAL. Nem juízes, nem padres, nem deputados, nem pastores, nem ninguém. Por que é tão difícil entender??????????????????????????????????????????????
Sim, concordo que não apenas o aborto deva ser legalizado, como também acho que o governo deveria criar políticas de prevenção, obrigar as escolas a darem aula de educação sexual, dar apoio psicológico às mulheres - as que abortaram e as que não abortaram-. Ai,sabe.
Preguiça desse povo. E não, o problema não é com a sua religião. Nada contra você ser católico ou evangélico. Só não venha com os seus ''améns'' quando o assunto é o meu corpo, meu útero.
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