Se você, fã de House, ainda não viu o final da série, feche essa aba do seu navegador. Ou dê uma de curioso e leia até o fim,rs.
*
House acabou e eu não podia simplesmente não escrever nada por aqui. E na verdade eu não sei nem por onde começar. Quase todo mundo tem uma série favorita. E House foi a minha.
A série começou em 2004, mas eu só fui descobri-la em 2005. Eu voltei pra casa depois da escola, sentei no sofá pra almoçar e não tinha nada de bom passando na TV, pra variar. No canal da Universal Channel, eu me deparei com um programa chamado House. O nome me intrigou e logo nos primeiros minutos eu já soube que ia me apaixonar pelo seriado.
House é a história de um médico especialista em diagnósticos. Todos os casos de pacientes com doenças misteriosas são enviados a ele e sua equipe. Acontece que ele é o contrário do que se esperaria de um médico.
House é um médico quebrado. Uma dor constante em sua perna fez com que ele ficasse de mal com a vida.
Acredito que a razão pela qual o seriado fez tanto sucesso é que fugiu justamente dos clichês de médico bonitão, loiro, forte, sorriso branco e bla bla. Todo mundo se identificou com o lado imperfeito do personagem principal. O mau-humor, a infelicidade, a dor, a tristeza, o pessimismo, o cinismo, a ironia, a sinceridade³, o não gostar de pessoas, a desesperança, o ateísmo, o vício, o egoísmo.
Óbvio que é muito difícil manter um seriado no mesmo nível do seu começo. Na minha opinião, House foi realmente genial até a 4ª temporada. A dinâmica dos episódios, o ritmo, as tramas. Depois fica booooring.
O final da série me desagradou. Passaram 8 anos mostrando as infelizes tentativas de House em se tornar um ser humano melhor e mais "moldado". Uma de sua máxima era "people don't change". E justamente no último episódio da série eles mostram um médico que abriu mão de sua carreira médica e fingiu sua morte para poder passar alguns meses ao lado de seu fiel escudeiro que foi diagnosticado com câncer. Isso não soou muito House pra mim.
Enfim.
House personifica o lado "podre" que todos temos. Aquele lado de fugir e odiar as convenções sociais, os deveres, as regras. É a vontade de dar uma resposta com tolerância zero pra aquela pergunta infame que fazem pra gente. É o se permitir odiar a sociedade, seus valores, as relações humanas, tão superficiais e efêmeras.
House lembrou todo mundo desse lado desgostoso que temos dentro de nós mesmos.
O fato de não conseguirmos controlar as coisas ao nosso redor. O fato de não conseguirmos controlar a nós mesmos. House fez sucesso não só pela inovação no ramo de seriados médicos, com as doenças intrigantes num estilo à la Sherlock Holmes.
House fez sucesso porque todo fã já desejou poder ser como ele em alguns momentos.
Que atire a primeira bengala aquele que não ficou se achando O conhecedor das doenças depois de algumas temporadas de House. Ou que ficou dando palpite na tosse da vó ou no espasmo no dedinho do irmão.
Eu, particularmente, fiquei mais rabugenta.
Espero que passe.
Porque no fundo, todos nós temos essa dor constante. Em House era no músculo da perna. Sua solução era o vício em Vicodin.
Mas a dor pode se mostrar nas ideias, no coração...e uns a resolvem com religião, ou álcool, ou droga, ou sei lá.
House acabou.
Mas né, fazer o quê.
We can't always get what we want.
Nenhum comentário:
Postar um comentário